sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O que é a Nutrição parentérica?
Solução ou emulsão (hidratos de carbono, a.a. ,lípidos, vitaminas e minerais) administrada por via intravenosa em doentes em regime hospitalar, ambulatório ou domiciliário, visando a síntese ou manutenção dos tecidos órgãos ou sistemas. 
Este tipo de nutrição divide-se em Nutrição parentérica periférica (NPP) que proporciona nutrientes em quantidades que não satisfazem as necessidades totais do doente e em Nutrição parentérica central (total, NPT) que proporciona nutrientes em quantidades que satisfazem todas as necessidades do doente;





Indicações:


1) Suporte Nutricional
- Malnutrição proteico- calórica
- Anorexia
- Vómitos crónicos
- diarreias crónicas
- Síndromes de má-absorção
- Estados hipercatabólicos
- Sepsis
- Pré-operatório
- Pós-operatório
- Politraumatizados
- Queimados
- Cancro (rádio e quimioterapia)
- Insuficiência hepática, renal e  cardíaca.


2) Repouso funcional do tubo digestivo
- Colite ulcerosa
- Colite granulomatosa
- Doença de Crohn
- Doença celíaca
- Jejuno-íleite ulcerosa
- Enterites por radiação
- Esofagites caústicas
- Fístulas digestivas
- Pancreatite aguda
- Oclusões funcionais



Complicações da Nutrição Parentérica:





Metabólicas
Metabolismo  dos H. C.

         Hiperglicemia
         Glicosúria
         Coma hiperosmolar
         Coma ác. cetónico
         Coma hipoglicémico

Metabolismo dos lípidos

         Défice em ácidos gordos essenciais
         Hiperlipidemia

Metabolismo dos A.A.

         Acidose metabólica
         Desiquílibrio do aminograma plasmático
         Hiperamoniémia  e azotemia

Metabolismo dos electrólitos e oligoelementos

         Hiponatremia
         Hipocaliémia ou hiper
         Hipofosfatemia ou hiper
         Hipomagnesiémia ou Hiper

Metabolismo das vitaminas

         Hipovitaminoses
         (B1,B6 ,B12,D,E,K e ác. fólico
         Hipervitaminoses ( A, D )

Alterações hepáticas

         Elevação das transaminases
         Fosfatase alcalina e das bilirrubinas
         Colestase intra-hepática
         Esteatose hepática





















quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Composição da Nutrição Parentérica

A composição da Nutrição Parentérica (NP) baseia-se em:
    • Necessidades hídricas (grande componente)
    • Necessidades energéticas
    • Vitaminas
    • Oligoelementos
    • Outros aditivos Heparina, inibidor H2, etc

e calcula-se após uma correta avaliação do estado nutricional do doente. 
Esquema 1 – Constituição básica da NP Total

Constituição básica da Nutrição Parentérica Total


MACRONUTRIENTES
Substratos energéticos e substratos proteicos

Hidratos de carbono:
  • Administrados na forma de glicose, numa concentração que poupe o catabolismo das proteínas sem agravar uma hiperglicémia do doente
  • Principal fonte de energia (constitui 50-60% do aporte calórico total)
  • Disponível em soluções de dextrose com concentrações variáveis;
Num adulto, as necessidades variam entre 4-6 mg/kg. Níveis superiores aumentam lipogénese

Lípidos:
  • Proporcionam ácidos gordos essenciais
  • Constituem 30-40% do aporte calórico
  • Energia não proteica
  • Baixa osmolaridade
  • Evita a administração de uma elevada quantidade de hidratos de carbono;
Num adulto, as necessidades variam entre 1-1,5 g/kg/dia.

Proteínas:
  • Apresentam-se sob a forma de aminoácidos essenciais e não essenciais
  • Os requerimentos proteicos variam entre 8-15% das kcal totais;
Num adulto as necessidades podem variar consoante o seu estado:
      • Indivíduo saudável: 0,8-1 g/kg/dia
      • Doentes com stress leve: 1-1,2 g/kg/dia
      • Doentes com stress moderado: 1,2-1,4 g/kg/dia
      • Doentes com stress severo: 1,5-2 g/kg/dia
      • Grandes queimados: 2-2,5 g/kg/dia

MICRONUTRIENTES

Vitaminas:
  • Apresentam-se sob a forma de vitaminas lipossolúveis (A e D) e hidrossolúveis (do complexo B e C) e dependem das necessidades do doente.
Num adulto, as necessidades são:
      • Vitamina A: 3300
      • Vitamina D: 200
      • Vitamina E: 10
      • Vitamina B1: 3 mg
      • Vitamina B2: 3,6 mg
      • Vitamina B6: 4 mg
      • Vitamina B12: 5 mg
      • Vitamina C: 100 mg
      • Nicotinamida: 40 mg
      • Pantoténico: 15 mg
      • Biotina: 60 microgramas
      • Ácido Fólico: 400 microgramas
      • Vitamina K: 0,5 mg
Electrólitos: 
Minerais como Sódio, Potássio, Cálcio, Fósforo, Magnésio, Cloro, Acetato;
  • Segundo necessidades
  • Importantes a nível de metabolismo celular e formação óssea;
Num adulto as necessidades são:
      • Sódio: 1-2 mEq/kg
      • Potássio: 1-2 mEq/kg
      • Cálcio: 10-15 mEq/kg
      • Fósforo: 10-30 mEq/kg
      • Magnésio: 8-20 mEq/kg
      • Cloro: 1,2-2 mEq/kg
      • Acetato: 70-120 mEq/kg

Oligoelementos:
  • Soluções que contêm Zinco, Cobre, Manganês, Selénio e Crómio, Molibdeno e Iodo, e formam parte de muitas enzimas.
Num adulto, as necessidades são:
      • Zinco
        • Adulto estável: 2,5-4 mg/dia
        • Hipercatabolismo: 2mg/dia
        • Perdas Gastro Intestinais: 12mg/dia
        • Perdas intestino curto: 17,1 mg/dia
      • Cobre: 0,5-1,5 microgramas
      • Manganês: 60-100 microgramas (Não administrar em icterícia colestática)
      • Selénio: 20-60 microgramas
      • Crómio: 10-15 microgramas
      • Molibdeno e Iodo não há informação
Líquidos:
  • O volume de água varia, dependendo das necessidades individuais de manutenção e substituição de líquidos perdidos.

O número de componentes de uma mistura vai influenciar a sua complexidade, podendo ocorrer diversas alterações, tais como:
  • reações de precipitação e agregação
  • interação com os materiais da bolsa
  • alterações com as condições externas: luz, oxigénio e temperatura;


Cuidados a ter antes da administração parenteral

  • Deve-se considerar o estado do trato gastrointestinal do doente ;
  • Avaliar os benefícios clínicos e nutricionais, tendo em conta as desvantagens e potenciais complicações inerentes a esta opção terapêutica.


Quando as causas que não permitam a administração de nutrientes por via entérica forem ultrapassadas deve-se fazer a transição para a via parentérica.


A nutrição parentérica pode ser :

  • Suplementar (de apoio) ;
  • Completa (Nutrição parentérica Total) ;
  • Específica (com determinado componente).


Nutrição Parentérica Total

  • Serve para proporcionar nutrientes em quantidades que satisfazem todas as necessidades do doente (quer para manutenção ou restauração do equilíbrio metabólico e nutricional), cuja dieta oral ou enteral por sonda seja mal tolerada ou mesmo impossível.
  • Os nutrientes essenciais devem ser fornecidos nas quantidades adequadas e com osmolaridade elevada ( >800 mosm/L);
  • Geralmente é uma terapia de longa duração;
  • Deve ser adaptado às necessidades básicas e individuais de cada doente.

Onde são colocadas as misturas nutritivas parenterais? São colocadas em bolsas padronizadas/Standard (comercializadas) ou em bolsas individualizadas (preparadas na UMIV).




Esta bolsa contém compartimentos individuais com soluções de macronutrientes, electrólitos e imediatamente antes da administração são adicionados os oligoelementos e as vitaminas.

A administração dessa emulsão é feita após a mistura entre os três compartimentos por rompimento do sistema de selagem que os separa. 

Há várias bolsas no mercado de várias industrias farmacêutica, com várias quantidades de macronutrientes.

 Vantagens das bolsas tricompartimentais: 

  •  design, que permite a integridade da emulsão lipídica e redução do risco da separação da emulsão;
  •  a transparência da bolsa, permitindo a inspeção visual do conteúdo antes e após a reconstituição;
  •  a facilidade da mistura do conteúdo da bolsa, que pode ser efetuada pelo paciente em casa ou enfermeira no hospital.
Esta bolsa deve estar devidamente identificada com o nome da pessoa a que se destina e com a etiqueta da via de administração.

Para a preparar deve-se:

  • usar máscara;
  • fazer a lavagem cirurgica das mãos.

Preparação:
















Misturas Individualizadas:

São reservadas para situações específicas como politraumatismos, grandes queimados, situações de prematuridade e recém-nascidos de baixo peso.

Estas preparações devem ser preparadas em câmaras de fluxo de ar laminar horizontal que:
  • evita que ao ar do exterior possa entrar na câmara;
  • o ar que entra passe pelos filtros, limpando;
  • o ar circule de dentro para fora evitando contaminações.




































quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Nutrição Parentérica em Pediatria

A Nutrição Parentérica Total (NPT) é bastante utilizada em Neonatologia.
Os bebés têm uma grande sensibilidade a períodos de desnutrição, e esta desnutrição está associada a deficiências intelectuais futuras.

Uma criança não é um adulto em miniatura!
Por isso, requere volumes de Nutrição Parentérica (NP) mais pequenos que um adulto, logo as bolsas Standard não são uma alternativa.

 Acesso venoso central em pediatria

  1. Má absorção
    •  Diarreia grave prolongada, síndrome do intestino curto, enterostomia proximal, fístulas, linfangiectasia intestinal, determinadas imunodeficiências, enterite por radiação, doença inflamatória intestinal;
  2. Pancreatite aguda
  3. Ascite quilosa, quilotórax
  4. Hipercatabolismo
    • Grandes queimados, politraumatismos, grandes cirurgias, transplante de órgãos (intestino, fígado), caquexia, cardíaca;
  5.  Falha orgânica: Insuficiência renal aguda ou hepática
  6. Cancro: Mucosite grave

Necessidades nutricionais de um neonato e pediatria:

Hidratos de carbono:
    • Prematuros muito baixo peso (<1kg) – 2-2,5 g/kg/dia
    • Prematuros baixo peso (>1kg e <1,5kg) – início 5 g/kg/dia
    • Neonatos de termo – 6-10 g/kg/dia
    • Pediatria – 3-18 g/kg/dia
Lípidos:
    • Prematuros muito baixo peso (<1kg) – 0,5 g/kg/dia, aumento de 0,8 g/kg/dia até 2,5g/kg/dia
    • Prematuros baixo peso  (>1kg) e Neonatos de termo – 0,5 g/kg/dia, aumento de 0,5 g/kg/dia até 3g/kg/dia
    • Lactentes – 3 g/kg/dia
    • Crianças – 2-3 g/kg/dia
Proteínas:
    • Prematuros muito baixo peso (<1kg) – 0,5-1g prot/kg/dia, aumento de 0,5 g/kg/dia até 2,5-3g prot/kg/dia
    • Prematuros baixo peso  (>1kg) – 1g prot/kg/dia, aumento de 1g prot/kg/dia até 2,5-3g prot/kg/dia
    • >2 meses-3anos – 1-2,5 g/kg/dia
    • 3-18  anos – 1-2 g/kg/dia
Micronutrientes

Electrólitos
Neonatos
Pediatria
Sódio
2-5 mEq/kg
2-6 mEq/kg
Potássio
1-4 mEq/kg
2-3 mEq/kg
Cloro
1-5 mEq/kg
2-5 mEq/kg
Cálcio
3-4 mEq/kg
1-2,5 mEq/kg
Magnésio
0,3-0,5 mEq/kg
0,3-0,5 mEq/kg
Fósforo
1-2 mEq/kg
0,5-1 mmol/kg
Acetato
Sem informação
Sem informação


Oligoelementos
Prematuros
Neonatos termo
Pediatria
Zinco
0,4 microgramas
0,25 microgramas
(<3meses)
0,05 microgramas
(máx 5/dia)
Cobre
20 microgramas
20 microgramas

20 microgramas
(máx. 300/dia)
Selénio
2 microgramas
2 microgramas
2 microgramas
(máx.30/dia)
Crómio
0,2 microgramas
0,2 microgramas
0,2 microgramas
(máx. 5/dia)
Manganês
1 micrograma
1 micrograma
1 micrograma
(máx. 50/dia)
Molibdeno
0,25 microgramas
0,25 microgramas
0,25 microgramas
(máx. 5/dia)
Iodo
1 micrograma
1 micrograma
Sem Informação


Vitaminas
Prematuros
(dose kg/dia)
Neonatos termo e crianças
(dose diária)

Vit. A
(retinol)
924 miligramas
2300 miligramas
Vit. D
(ergocalciferol)
160 miligramas
400 miligramas

Vit. E
(alfatocoferol)
3,8 miligramas
7 miligramas
Vit. K
80 miligramas
200 miligramas
Vit. C
32 miligramas
80 miligramas
Vit. B1
0,48 miligramas
1,2 miligramas
Vit. B2
0,56 miligramas
1,4 miligramas
Vit. B6
0,4 miligramas
1 miligrama

Vit. B12
0,4 miligramas
1 miligrama

Nicotinamida
6,8 miligramas
17 miligramas

Pantoténico
2 miligramas
5 miligramas

Biotina
8 miligramas
20 miligramas

Ácido Fólico
56 miligramas
140 miligramas